sábado, 3 de setembro de 2011

Cinco etapas para adoção do IFRS


IFRS (International Financial Reporting Standard) traz benefícios internos e externos para o Brasil, em termos de padronização das normas contábeis que deverão ser adotadas por corporações de natureza Sociedade Anônima e Sociedade de Grande Porte, com ativo total superior a R$ 240 milhões e receita bruta anual (no exercício anterior) acima de R$ 300 milhões.
Externamente a adoção das normas coloca o Brasil no contexto econômico mundial, ajudando a internacionalizar empresas e negócios. Internamente, a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) regulariza e normatiza as características contábeis das empresas e faz a intermediação do debate entre representantes de todos os atores do mercado brasileiro – governo, iniciativa privada e órgãos acadêmicos.
As normas internacionais de contabilidade exigem a publicação do balanço, fluxo de caixa, resultados e notas explicativas das empresas. Apesar da obrigatoriedade de envio dos primeiros relatórios contábeis com padrão IFRS no início de 2011 – referente ao balanço de 2010 –, o balanço de 2009 deve ser adaptado para o padrão, como forma de garantir uma base comparativa aos dados de 2010. Logo, as empresas terão que se adequar para evitar trabalhos e despesas.
De acordo com estudo da Ernst & Young junto a 100 diferentes empresas no Brasil, lançado no final de 2009, mais de um terço (28%) dos executivos consultados afirmaram ainda não ter tomado conhecimento dos desafios e oportunidades das opções existentes para adoção do IFRS. A explicação pode estar na falta de conhecimento: 54% disseram não ter uma equipe dedicada à implantação do IFRS.
Os números mais importantes indicam que as empresas ainda não perceberam a urgência da implementação do IFRS: 60% disseram não ter este planejamento, contra apenas 27% que responderam de forma positiva –desempenho semelhante à primeira fase da pesquisa, realizada no começo do ano passado. Esses números provam que a movimentação para a adoção ainda é lenta.
Para uma padronização da natureza do IFRS, planejamento é primordial, ainda mais com o tempo reduzido. Abaixo estão listados cinco passos que uma empresa precisa passar para adotar de maneira eficaz o IFRS:

Identificação dos principais impactos (visão macro)
Dadas as características das empresas, é preciso identificar as principais normas ditadas pelo CPC que influenciam na mudança das demonstrações contábeis. Benchmarkings de empresas estrangeiras podem ser bem úteis nesse momento. A comparação deve ser feita com empresas do mesmo segmento ou, em último caso, empresas que são influenciadas pelas mesmas características contábeis.

Diagnóstico de negócio
É necessário estabelecer uma lista confiável de requisitos a serem impactados e classificá-los conforme as mudanças que serão sentidas – pessoas, processos e sistemas. Nesse momento será feito o plano de conversão.
Aqui cabem estudos detalhados: empresas são totalmente diferentes umas das outras, logo os impactos também serão diferentes. Ao fazer esse estudo, a consultoria contratada deve levantar a quantidade de ativos imobilizados, gestão da tesouraria, exposição a riscos, mercado e segmentos em que ela está inserida, etc. E se ela tem uma ferramenta global e se já está preparada ou não para receber os módulos a serem instalados.

Diagnóstico de TI
Tendo as necessidades de negócio, a empresa irá avaliar os impactos em sistemas. Grande parte dos impactos será resolvida facilmente com os sistemas globais e algumas modificações serão necessárias, principalmente no que tange à fonte das informações. Um dos produtos dessa fase é o mapa de soluções: poderão ser identificados dois caminhos para um mesmo problema, inclusive com soluções mais sofisticadas, automatizando processos.

Implementação dos requisitos de negócios conforme a estratégia que o diagnóstico de TI determinou
Algumas ferramentas possuem diversos aceleradores para os demonstrativos contábeis e diversos sistemas de ERP globais já possuem as funcionalidades para se adaptarem ao IFRS. Nesse item se percebe a importância do projeto e do estudo, pois os profissionais de TI já terão a lista de quais módulos e funções devem ou não ser ativados, evitando erros e gastos excessivos de tempo e dinheiro.

Preparação e apresentação do resultado
A idéia do IFRS é atender o princípio contábil, e não a regra. Adaptar-se aos princípios do IFRS não afeta unicamente as áreas de Contabilidade ou TI. Toda a empresa sente a mudança!
Adotar o IFRS resulta em diversas adaptações. Por isso funcionários precisam passar por treinamentos, em especial o departamento contábil. Mas existem outras consequências, como mudar o valor dos ativos imobilizados no balanço da empresa e orientações específicas para contabilizar ativos financeiros que a empresa estiver investindo, pois isso, na prática, se refere aos riscos que a empresa está submetida.
Importante ressaltar que o impacto da implantação do IFRS não é grande o suficiente para afirmar que irá mudar a cultura organizacional, porque, depois de implantado, a tendência é que a norma contábil se torne “rotina” da empresa.

Gabriel Rodrigues é executivo da Essence, especializada em Tecnologia e Informação para negócios

http://www.essencebr.com
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