terça-feira, 7 de maio de 2013

Sua carreira é guiada por suas expectativas ou pela expectativa dos outros?

Seria a doce professora como sua mãe ou talvez uma brilhante advogada como seu pai.

Van Marchetti

Maria Eduarda sempre teve muitos planos para sua vida. Desde pequenina em suas inocentes brincadeiras, Duda como é chamada carinhosamente pelos amigos e familiares, sempre viajava em pensamentos em busca de um questionamento que sempre povoa a mente das crianças – o que ela iria ser quando crescesse.
Seria a doce professora como sua mãe ou talvez uma brilhante advogada como seu pai. Sua tia era médica e Duda admirava muito aquela roupa branquinha e parecia mesmo que o trabalho dela era muito importante, mas percebia que ela sempre estava muito ocupada!
Duda também gostava muito de brincar de casinha e quando era a “mamãe” acabava se esquecendo da professora, da advogada e da médica, as outras “Dudas” que alimentavam suas brincadeiras e sonhos.
O tempo foi passando e Duda crescendo. Passou pelos dilemas da adolescência, fase essa em que muitos dos sonhos pueris acabaram se perdendo no caminho e cursou a faculdade, certa, mas nem tanto, de que seria o passo inicial para uma carreira de sucesso.
Na realidade, ela nunca parou muito para pensar o que era realmente construir uma carreira de sucesso. Ela foi simplesmente ... caminhando. Os louros seriam colhidos ao longo do caminho. A escolha do curso superior se deu porque era um curso “da moda”, com grandes promessas de desenvolvimento profissional. O curso era legal. Ela até pensou em trancar algumas vezes, mas desistiu. Afinal, ela aprendeu que tudo o que se começa, tem que terminar.
Iniciou sua vida profissional com um estágio bem interessante e com promessas de efetivação. Duda sempre foi muito comprometida. Aprendeu que deveria sempre fazer bem feito, mesmo aquilo que não gostasse de fazer. Esse sempre foi um valor muito presente em sua vida. Como resultado, foi efetivada e no desenrolar dos anos, foi recebendo promoções e sempre manteve um nível salarial bem satisfatório, pagando suas contas em dia e proporcionando lazer em alguns momentos.
Ela aprendeu que a ambição não é algo bom e que não deve ser cultivado. Como se diz na linguagem popular, “passando a régua”, Duda se achava feliz ... ou talvez satisfeita ... ou caberia melhor, condicionada a uma sensação de felicidade? Não sei ao certo. Só sei que um belo dia, Duda não sentia vontade de sair da cama, mas o dever lhe chamava e tinha que levantar.
Já há algum tempo, os familiares e colegas de trabalho vinham reclamando com ela que ela já não era mais a mesma, que não parecia aquela Duda alegre de sempre. Afinal, o que estaria acontecendo? Talvez faltasse tirar férias? Ou talvez fosse alguma mudança hormonal? Nessas horas, sempre procuramos culpados. Afinal, somos sempre as vítimas das circunstâncias, não somos?
Um dia Duda estava parada no trânsito quando leu a seguinte frase escrita em um muro: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida. (Confúcio)”.
Essa frase causou um impacto em Duda. Algo estava mudando dentro dela. Em um instante passou um filme em sua mente e veio à tona um questionamento: teria ela feito a escolha errada? Em todos esses anos ela sempre sentiu o trabalho como um fardo, muitas vezes quase impossível de carregar, mas se manteve firme, pois estava condicionada a esse comportamento. Afinal, ela aprendeu que a vida é assim e o trabalho é necessário para a sobrevivência. E foi vivendo ... ou melhor sobrevivendo.
Aqui neste artigo, Duda é uma personagem fictícia, mas infelizmente relata a realidade de muitos profissionais atualmente no mercado de trabalho. Escolhas não planejadas lá atrás, resultam em uma cobrança posterior, na maioria das vezes, muito dura.
Duda descobriu, depois de anos, que não gostava do que fazia profissionalmente. Simplesmente foi exercendo os papéis que lhe impunham. Foi vestindo máscaras para atender às inúmeras expectativas que a rodeavam. Os valores de Duda estavam corretos: tudo o que se começa tem que terminar, fazer bem feito mesmo aquilo que não gostamos de fazer e não cultivar a ambição. O que estava errado era o condicionamento que Duda aprendeu a dar a esses valores, formando em sua mente convicções tão fortes que passaram a limitá-la.
O que Duda não aprendeu e não encontrou motivação para aprender é que todo início precisa de uma finalidade, mas as estratégias podem ser mudadas, que nosso trabalho tem que ser bem feito e com muito comprometimento, mas não devemos nunca esquecer de nossos sonhos. E quanto à ambição? Ela é uma erva daninha quando usada de uma forma desmedida, mas saudável quando vista de uma maneira a impulsionar o progresso pessoal.
Ainda dá tempo para Duda se reinventar, pois reaprender a se respeitar, a se amar e a sonhar é atemporal. Ficar preso a paradigmas como idade, falta de formação, falta de conhecimento, são armadilhas para manter a procrastinação.
Duda precisa voltar a ser aquela menina que brincava com seus sonhos. Voltar a sentir o coração pulsar por um desejo. Ela não precisa jogar tudo para o alto. Ela só precisa aprender a caminhar paralelamente. Encontrar novas maneiras de enxergar a si mesma e ao mundo. Talvez alimentar um hobby, um trabalho voluntário, fazer um curso que não tenha nada a ver com sua profissão, mas que ela sinta afinidade. Enfim, dar o primeiro passo para o reinício.
Duda precisa reencontrar a sensação de “pertencer”. Talvez a resposta não seja mudar de profissão, mas sim encontrar um novo sentido ao trabalho exercido.
Fonte: Canal Executivo

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