quarta-feira, 9 de abril de 2014

MP 627 representa novo marco para as normas tributárias

Medida é vista como responsável pelo fim da dupla contabilidade – dividida em balanço societário e balanço fiscal

Roberta Mello

A contabilidade brasileira passa por mudanças há pelo menos sete anos na tentativa de adaptar-se às Normas Internacionais de Contabilidade (em inglês, International Financial Reporting Standards, IFRS). Em 2007, com objetivo de aproximar a contabilidade brasileira aos padrões internacionais, a Lei nº 11.638 alterou a Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações), com efeitos tributários na base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), do PIS e da Cofins. Foi publicada, então, a Lei nº 11.941/2009, instituindo o Regime Tributário de Transição (RTT), que tinha como objetivo promover a neutralidade tributária das alterações trazidas pela Lei nº 11.638/2007. 
Este era o cenário anterior à edição da Medida Provisória nº 627, de 12 de novembro de 2013 (MP 627/13 ou MP das Coligadas), apontada como um novo marco da tributação no Brasil e que visa a alterar a forma de tributação dos lucros obtidos por multinacionais brasileiras advindos de suas controladas no exterior, dizendo respeito, sobretudo, à CSLL, à contribuição para PIS/Pasep e Cofins e revogando o RTT. Em suma, a MP 627/13 alinha “a legislação tributária à legislação societária e às normas contábeis internacionais, eliminando a ideia da dupla contabilidade – balanço societário e balanço fiscal”, explica o contador e sócio da KPMG, Altair Toledo.
O texto aprovado passou pela votação na Câmara com adequações e mais de 500 emendas. As organizações multinacionais brasileiras tiveram alívio na parcela a ser paga no primeiro ano. Pelo texto original da MP 627, as companhias teriam de recolher, no primeiro ano, os tributos sobre 25% do lucro apurado, percentual que passou para  12,5%. Até o oitavo ano, as multinacionais brasileiras terão de ter recolhido os tributos integralmente. A MP 627 amplia o prazo para que as empresas façam a chamada consolidação dos resultados. Isso significa que elas poderão cruzar os lucros e prejuízos de todas as unidades no exterior para apurar um único resultado, que será tributado em caso de lucro. Essa consolidação poderá ser realizada até 2022, e não mais até 2017. 
Também são reconhecidos os tributos pagos no exterior. Assim, se as empresas já tiverem pago, por exemplo, 20% de tributos lá fora, terão que pagar 14% no Brasil para atingir a alíquota de 34% de IRPJ e CSLL. O pagamento poderá ser escolhido pelas empresas a partir de 1 de janeiro de 2015, mas a MP permite a antecipação retroativa a  janeiro de 2014. A opção, entretanto, implica na confissão de dívida.
As parcelas pagas a partir do segundo ano serão atualizadas pela taxa de juros Libor, acrescida da variação cambial do dólar dos EUA para o período. Quanto aos juros, o texto permite sua dedução na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, diminuindo a tributação final. A MP também faz ajustes nas legislações contábil e tributária para pacificar divergências ocorridas desde 2007 entre o fisco e os contribuintes.
Segundo o especialista em direito tributário Fabio Basso Barichello, do escritório Veirano Advogados, empresas brasileiras que expandiram ou pretendem expandir suas atividades no exterior certamente serão mais afetadas pela MP, mas as alterações atingirão todas em algum quesito. 
Desde empresas brasileiras de grande porte que expandiram ou expandirão para o exterior até empresas não necessariamente de grande porte, mas que adquirem participação acionária com ágio (uma vez que é trazida uma nova disciplina quanto ao reconhecimento, mensuração e, sobretudo, dedução do ágio, para fins de IRPJ e CSLL) sentirão seus reflexos. Além delas, aquelas que optam pelo lucro presumido e que, por isso, apuram o PIS e a Cofins pelo regime cumulativo, serão atingidas, tendo em vista que a medida amplia o conceito de receita bruta, base de cálculo das suas contribuições. Agora, o texto aprovado deve seguir para apreciação no Senado e perde validade no na segunda-feira (21). A intenção do governo federal é concluir a votação no Congresso até o dia 16, véspera da Semana Santa. Depois, o projeto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.

Matéria aprovada passou por adequações

Aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados, a MP 627 segue despertando polêmica, já que tem grande reflexo sobre as práticas contábeis empresariais. “A medida provisória trata de muitos assuntos relevantes de uma só vez, alterando a base tributável das empresas no Brasil, principalmente de lucros recebidos de empresas do exterior”, destaca o vice-presidente da Câmara de Registro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Nelson Zafra.
O contador Altair Toledo pontua que, em relação ao fim do RTT, o texto é satisfatório. “Já quanto à tributação de lucros no exterior, o texto não atendeu às expectativas, especialmente por ter mantido a tributação de 34% sobre os lucros auferidos por subsidiárias localizadas em outros países, o que diminui a competitividade das empresas brasileiras no exterior”, sentecia.
Além disso, segundo Toledo, as multas pela falta de entrega (ou entrega com erro) da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) continuam pesadas (podendo chegar a R$ 5 milhões), mesmo com a redução proposta no texto de conversão. Essa complexidade levou ao adiamento da discussão em torno de diversos pontos incluídos ao texto, como, por exemplo, o fim da cobrança da taxa de inscrição para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a taxação das empresas que não industrializam a soja. 

Temas polêmicos dificultaram o processo

A polêmica do texto da MP 627 e a inclusão de assuntos tratados como “matérias estranhas” preocupavam e impediam, de certa maneira, a alteração na forma de tributação dos lucros obtidos por multinacionais brasileiras. Tanto é que, após a superação do texto-base da medida, uma nova votação no dia seguinte tratou de temas como o dispositivo que condiciona a suspensão de PIS/Pasep e da Cofins na venda de soja ao seu uso para a industrialização de produtos, a alteração da tributação de petrolíferas e a cobrança não cumulativa do PIS/Cofins para sociedades de advogados.
Entre os pontos votados em separado na quarta-feira passada, estava o que permite às controladoras, por cinco anos, consolidarem resultados de suas controladas em países com os quais o Brasil não possua acordo de troca de informações tributárias. Essa consolidação permite fazer um cálculo líquido do imposto a pagar sobre os lucros de todas as controladas, descontando os prejuízos.
No caso de ausência de acordo para troca de informações, o relator permitiu que a consolidação seja realizada se a controladora no Brasil entregar a contabilidade societária em meio digital e a documentação de suporte da escrituração na forma e prazo estabelecidos pela Receita. No entanto, essa opção só será permitida por cinco anos. Após esse período, se não houver assinatura de um tratado para troca de informações tributárias, o resultado daquela unidade não poderá entrar na consolidação.
O relatório também flexibiliza a definição de renda ativa própria para atender às instituições financeiras. A MP define como renda ativa “aquela obtida diretamente pela pessoa jurídica mediante a exploração de atividade econômica própria”, mas exclui algumas receitas como royalties, juros, dividendos, aluguéis, juros, aplicações financeiras e intermediação financeira. Ao editar a MP, o governo estimou que o impacto orçamentário da nova sistemática será de R$ 1,38 bilhão em 2015, R$ 1,52 bilhão em 2016 e R$ 1,67 bilhão em 2017.
Ainda foram considerados como renda ativa própria os valores recebidos como dividendos ou receita decorrente de participações societárias relativos a investimentos efetuados até 31 de dezembro de 2013 em pessoa jurídica cuja receita ativa própria seja igual ou superior a 80%.
Outro destaque estende para qualquer setor o benefício concedido a controladoras de empresas que atuem, no exterior, na fabricação de bebidas ou de produtos alimentícios e na construção de edifícios e obras de infraestrutura. O benefício é um crédito presumido de até 9% sobre a parcela positiva do lucro da incorporada computada no lucro real da controladora, base de cálculo do imposto de renda.
Também foi reaberto o prazo para parcelamento de débitos para instituições financeiras, seguradoras e empresas brasileiras com lucro no exterior, o chamado Refis da Crise (leis 11.941/09 e 12.249/10), para dívidas que venceram até 30 de junho de 2013. O parcelamento em andamento incorporou dívidas existentes até 2008.
Para o consultor jurídico da Grupo Consultoria Empresarial Daniel Brasil, a reabertura pode sanar o déficit tributário da União contraído no final do ano passado, além de aumentar a arrecadação de tributos em 2013 e 2014. “Esta medida vai possibilitar a inclusão de débitos tributários e levar o governo federal a aumentar sua arrecadação, apenas de PIS e Cofins, em aproximadamente R$ 200 milhões”, projeta.
Link: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=158838Fonte: Jornal do Comércio

terça-feira, 8 de abril de 2014

Cronograma da restituição do IRPF 2014

As restituições serão efetuadas em sete lotes, no período de junho a dezembro de 2014.
A Receita Federal publicou hoje no Diário Oficial da União, o cronograma de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física, referente ao exercício de 2014, ano-calendário de 2013. As restituições serão efetuadas em sete lotes, no período de junho a dezembro de 2014.
Lotes:Datas:
Primeiro Lote16/06/2014
Segundo Lote15/07/2014
Terceiro Lote15/08/2014
Quarto Lote15/09/2014
Quinto Lote15/10/2014
Sexto Lote17/11/2014
Sétimo Lote15/12/2014
De acordo com a legislação, terão prioridade no recebimento das restituições do IRPF os idosos acima de 60 anos e os contribuintes que têm alguma moléstia grave ou deficiência física.

Link: http://www.receita.fazenda.gov.br/AutomaticoSRFsinot/2014/04/07/2014_04_07_18_40_01_302601201.htmlFonte: Receita Federal

Declaração de imposto de renda online: veja como não cair em armadilhas

Nessa época do ano, o IR é bastante utilizado em golpes online. Veja alguns dos principais ataques e previna-se.
A empresa de segurança McAfee alerta para os riscos com a declaração do imposto de renda online que pode trazer riscos para a segurança do usuário.
Nessa época de declaração de imposto de renda, em especial, tanto os consumidores quanto os empresários (de pequeno e médio porte) são potenciais alvos de crackers, de acordo com a empresa.
Para evitar de cair em alguma armadilha que utiliza a declaração de imposto de renda online como isca veja alguns dos golpes digitais mais utilizados nesse caso. As dicas são da McAfee.
Phishing: caso a pessoa receba um e-mail inesperado que pareça vir da Receita Federal ou de algum órgão semelhante, solicitando informações pessoais (especialmente informações de contas bancárias, senhas ou identificações PINs) ou ainda alegando que sua declaração foi retida, é bem provável que você esteja sendo vítima de um golpe de phishing. 
A Receita Federal nunca se comunica com os contribuintes por e-mail, mensagens de texto ou mídias sociais. É importante não clicar em nenhum link, abrir ou baixar qualquer anexo caso haja suspeita de que a mensagem seja falsa.
Falsos agentes da Receita Federal: golpistas se passam por agentes da Receita Federal e entram em contato por e-mail ou telefone. Eles já têm alguns detalhes sobre o contribuinte, provavelmente extraídos da sua página do Facebook, e usam essas informações para convencê-lo de que se trata de um procedimento oficial. 
Caso seja percebido que se trata de um golpe, acessar o site oficial da Receita Federal para esclarecer dúvidas, obter orientações www.receita.fazenda.gov.br/CertificadoSegurancaInvalido/Falecon.htm
Contador bandido: cuidado ao contratar o serviço. É melhor usar um serviço de contabilidade de confiança e com referência. Afinal, alguns desses contadores podem ser cibercriminosos que poderão fraudar e cobrar taxas abusivas para que a pessoa tenha uma restituição maior para roubar um pouco da mesma.
Dicas adicionais para proteção contra golpes em época de declaração de imposto de renda online:
Proteja seus dados. A partir do momento em que chegam à sua caixa de correio, suas informações pessoais (números de instituições financeiras, registros de investimentos, números de previdência social, etc.) precisam ser protegidas. 
Não passe informações pessoais pelo telefone, por e-mail ou pela Internet, a menos que você tenha entrado em contato e tenha certeza do destinatário.
Descarte papéis. Opte por receber extratos eletrônicos por e-mail de instituições e sites idôneos para eliminar a papelada que vem por correio, onde ladrões podem pegá-la.
Confira e monitore seus extratos. Para garantir que você não seja uma vítima, a melhor coisa a se fazer é monitorar seus extratos bancários mensais e fazer um relatório de crédito ao menos uma vez por ano.
Utilize um computador livre de ameaças. Certifique-se de que o computador que você utiliza não esteja infectado ou comprometido. O sistema operacional e o navegador devem estar atualizados. Tenha sempre um software de segurança abrangente e atualizado.
Link: http://idgnow.com.br/ti-pessoal/2014/04/07/declaracao-de-imposto-de-renda-online-veja-como-nao-cair-em-armadilhas/Fonte: IDG Now

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Quer que seu dinheiro renda? Prefira os fundos à poupança

Fundos de renda fixa ganham ainda mais atratividade em relação à poupança após alta da Selic; caderneta agora só ganha de fundos mais caros

Stock.xchng/ Nerijus J
Martelo prestes a quebrar um cofrinho
Martelo prestes a quebrar cofrinho: fundos de taxa inferior a 2% ao ano são mais rentáveis que a poupança
São Paulo - Os fundos de renda fixa estão ainda mais rentáveis que a caderneta depoupança na maioria das situações. Isso porque nesta quarta-feira a taxa Selic, taxa de juros que baliza a rentabilidade desses fundos, foi elevada de 10,75% para 11,00% ao ano, aumentando o potencial de rendimento dos fundos. O rendimento da poupança, por sua vez, permanece o mesmo.
A caderneta, contudo, permanece mais vantajosa que os fundos mais caros, cuja taxa de administração supera os 2,00% ao ano. A taxa de administração média dos fundos DI para o público de varejo em janeiro (data do último dado) era de 1,17% ao ano, enquanto que para os fundos de renda fixa era de 1,06% ao ano.
Quando a taxa Selic é maior ou igual a 8,50% ao ano, a remuneração da caderneta de poupança permanece em 0,50% ao mês mais Taxa Referencial (TR), a mesma remuneração atribuída aos depósitos feitos até 4 de maio de 2012, que seguem a antiga regra da poupança.
A nova regra da caderneta de poupança, de rendimento de 70% da Selic mais TR, só se aplica quando a taxa básica de juros é inferior a 8,50%.
Além disso, a poupança é isenta de imposto de renda, enquanto que os fundos de investimento sofrem tributação conforme a tabela regressiva do imposto de renda: quanto menor o prazo de aplicação, maior a alíquota do IR.
Assim, apesar de os fundos terem capacidade de ganhar bem mais que a poupança, a taxa de administração e o imposto de renda "comem" parte da sua rentabilidade. Dessa forma, os fundos mais caros são capazes de perder da poupança, principalmente em cenários de Selic mais baixa.
A estimativa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) é de que, no atual cenário de Selic, a rentabilidade da poupança seja de 0,55% ao mês (saiba calcular o rendimento da sua poupança, de acordo com o aniversário).
A tabela a seguir traz uma simulação da Anefac com a rentabilidade mensal simulada para fundos de renda fixa com diferentes taxas de administração e diferentes prazos. Os rendimentos em azul ganham da poupança, e aqueles em vermelho perdem dela.
Prazo de Resgate0,50%1,00%1,50%2,00%2,50%3,00%
Até 6 meses0,65%0,61%0,57%0,54%0,50%0,46%
Entre 6 meses e 1 ano0,67%0,63%0,59%0,56%0,52%0,48%
Entre 1 ano e 2 anos0,69%0,65%0,62%0,58%0,54%0,51%
Acima de 2 anos0,71%0,67%0,64%0,60%0,56%0,53%


Fonte: Anefac

Veja repercussão da decisão de elevar a Selic para 11% ao ano

Entidades apontam que alta prejudica crescimento da economia. 
Taxa básica de juros subiu pela nona vez seguida nesta quarta.

Laura NaimeDo G1, em São Paulo
1 comentário
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar pela nona vez seguida a taxa de juros básicos da economia, a Selic.
A Selic passou de 10,75% para 11% ao ano – uma alta de 0,25 ponto percentual, em linha com o consenso das apostas do mercado financeiro.
Com o novo aumento, os juros ficaram acima do patamar vigente no início do governo Dilma Rousseff, em 2011 – quando estavam em 10,75% ao ano. Assim, todo corte dos juros feito pelo BC no governo da presidente (a taxa chegou à mínima histórica de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e abril do ano passado) não só foi "devolvido", como superado. A taxa Selic vem subindo desde abril de 2013.
Veja as opiniões e análises sobre a alta:
Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg e Associados
Tiraram do comunicado o ‘dando continuidade ao ciclo de alta’. Pode ser uma sinalização de que tem intenção de parar (de elevar os juros) numa próxima reunião (do Copom). Provavelmente vamos ter mais informações na ata, que sai na semana que vem, mas pode ser sinal de que estão realmente próximos de encerrar o ciclo de alta. A gente esperava que chegasse até 11,25%. Ainda é possível.
Carlos Daniel Coradi, EFC Engenheiros Financeiros & Consultores
Eu esperava até que ela (a alta nos juros) fosse mais alta, meio ponto. O problema é que eu fiz alguns estudos uns dois anos atrás correlacionando a Selic a uma eventual posterior baixa da inflação. Para minha surpresa, deu zero. Isso quer dizer que a inércia da reação do aumento da taxa Selic é muito pequena. O governo tem aumentado (a Selic), mas inflação não cede. Nós temos ainda uma indexação muito forte, o aluguel, o pedágio, o pagamento das contas públicas, uma parcela muito grande das coisas que a gente paga. Então a Selic não faz efeito sobre essa parcela. Estamos no mato meio sem cachorro. O BC sempre tenta contar com o efeito psicológico, mas esse efeito já caiu em desuso. Eu gostaria de uma alta maior que 0,25, gostaria de 0,5, até 1, para impactar de uma vez essa inflação.
Confederação Nacional da Indústria
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar, novamente, a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano, se fundamenta na resistência da inflação em convergir para o centro da meta, de 4,5%. Essa medida, entretanto, impõe pesados custos ao setor produtivo no processo de contenção dos preços.
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
A opção por uma política fiscal expansionista impõe um grande desafio à política monetária. Prova disso é que, mesmo após alta de 3,75 pontos percentuais da taxa Selic, as expectativas de inflação encontram-se em patamar mais elevado do que quando foi iniciado o atual ciclo de aperto monetário, há um ano. O Sistema Firjan entende que não há como conciliar juros altos e crescimento elevado, por isso insiste na importância de um superávit primário maior para este ano e os próximos, de forma a reduzir a pressão sobre os preços e ancorar as expectativas de inflação.
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
A economia segue em marcha lenta, e nova alta de juros só servirá para retardar ainda mais a retomada, com o agravante de que os juros estão subindo e as expectativas de inflação não caem (...). O Brasil só trabalha no curto prazo, não há gestão, estratégia. O país precisa deixar de lado o improviso. Precisamos de um plano focado no crescimento econômico, controle dos gastos de custeio, investimento em infraestrutura, educação de qualidade e reforma tributária. O Brasil precisa de um plano de longo prazo e menos juros.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT
Essa nova e descabida elevação da Selic somente favorece o apetite insaciável do mercado financeiro e vai encarecer a produção e o consumo, dificultando o crescimento econômico do país e freando a política de geração de empregos, melhoria dos salários dos trabalhadores e a distribuição de renda. (...) O novo aumento da Selic representa, na realidade, outra capitulação do Copom diante do terrorismo do mercado financeiro, o único que ganha rios de dinheiro com a subida dos juros, enquanto todos os demais setores da sociedade perdem.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Mais uma vez o governo optou por aumentar a taxa Selic na tentativa de combater a inflação. Ele repete o script que o Brasil assistiu muitas vezes, e descumpre o que defendeu antes, ou seja, sua promessa desenvolvimentista de que teria como consequência um Pibão. Rifa a economia, com um resultado pífio da produção industrial (que ficou em 0,4% no mês de fevereiro, comparando com janeiro), e já produz desdobramentos negativos no emprego e nas negociações coletivas.
Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas
O aumento de juros é um mecanismo que deve ser acionado somente em último caso, porque esfria a economia, restringe o crédito e piora a situação das famílias. O governo precisa arrochar as contas públicas e fazer o dever de casa, principalmente em se tratando de um ano eleitoral. Primeiramente, o controle inflacionário precisa ser realizado por meio de um amplo ajuste fiscal na máquina pública, com cortes de gastos de custeio e com desoneração dos setores produtivos.
José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Abad
Por meses a fio, o Banco Central vem elevando a taxa básica de juros, que já havia alcançado o mesmo nível do início da gestão da presidente Dilma. Agora, esse nível foi ultrapassado e os impasses que justificam tecnicamente novos aumentos em futuro próximo continuam presentes. (...). Assim, tanto na ponta da produção como na ponta do consumo, o atual arranjo é perverso para o país e compromete o futuro da nossa economia. É preciso sair dessa armadilha, e a necessidade de reformas é cada vez mais premente.